H O T A L
27 de Abril a 25 de Maio na Casa da Imagem
exposição inserida no projecto Imagens Latentes
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Revisitar as imagens é necessariamente um processo demorado. Isto se o impulso desse gesto exceder a necessidade evocativa e for alimentado pela possibilidade de lhes encontrar uma outra e nova actualidade. Ou se entenderemos que o fabrico das imagens é um processo de emancipação relativamente ao seu registo. Registar imagens pode ser uma acção automática, compulsiva, mecânica. Querer guardar, armazenar, reter. Querer ser olho-memória e para isso precisar da câmara-olho. Movidos pelo desejo de mimetizar a apreensão da fluência infinita das coisas, dos astros dissimulados em pontos fixos, do nosso movimento no espaço. Acabamos ou começamos por produzir documentos sem destino, provocando um excedente de imagens apátridas.
Em H O T A L — a grafia fonética de uma palavra dita e incompreendida que dá o nome à exposição de Mónica Baptista — as imagens pertencem a memórias anteriores à sua residência na Casa da Imagem. Contudo este foi o seu local de fabrico, um intervalo de tempo num espaço específico, em que este arquivo foi sendo revisitado e as imagens reivindicaram a sua actualidade.
Independentemente do reconhecimento pelas especificidades técnicas dos diferentes dispositivos ópticos, não existe nesta exposição uma compartimentação do espaço mediante a natureza técnica das imagens. Há antes uma leveza que se instala pela contaminação lumínica das projecções, assim como pela continuidade temporal de um fluxo sequencial, capaz de induzir a uma aparente indistinção dos meios. Como se estes fossem de facto simples instrumentos de registo e agora meros aparelhos de reprodução. O que nos resta por fim são as imagens e os sons. Sons que existem aqui de forma errática, possibilitando afinidades aleatórias, misturando-se e desaparecendo numa cadência que não convoca a permanência, antes um encontro intenso, sinestésico e fugaz. Um modo de intensificação por ausência.
H O T A L apresenta-se como uma possibilidade expositiva experimentada em forma definitiva, desenhada em pequenas e intensas constelações lumínicas a partir das reverberações produzidas por uma ocupação prolongada.
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Conversa, dia 18 de Maio às 17h com Catarina Marto.
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A Casa da Imagem está aberta ao público de segunda a sexta-feira
das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30 e noutros horários sujeitos a marcação prévia.