A Europa é um enorme mosaico de diversidades, contextos culturais, níveis de prosperidade, conhecimento e experiência. As cidades europeias apresentam grande diversidade entre si, em relação às atividades económicas, à habitação ou mesmo nas características da população (Tasan-Kok et al., 2013). Nas últimas décadas, tornaram-se ainda mais diversificados, não só em relação ao aumento da diversidade étnica, mas também em termos de estilos de vida, atitudes e atividades. As implicações da alta diversidade podem ser tremendas. Ao mesmo tempo, abre as possibilidades de convivência, através do novo capital humano, social e cultural. Há, no entanto, ameaça a redes frágeis e, especialmente pode trazer muitos tipos de fragmentação urbana (Michelutti, 2007): nas relações sociais, com menos oportunidades para que pessoas ou grupos se conheçam, nas línguas e nos discursos, nos espaços fragmentados, com a especialização de serviços, no desdobramento de serviços e nas desigualdades de recursos em diferentes partes da cidade.

As escolas também enfrentam os desafios da diversidade urbana, sendo cada vez mais diversas e pluralistas com muitas crianças provenientes de diferentes contextos sociais, económicos e culturais e enfrentam o desafio de combater a discriminação e a segregação e de promover a coesão social e a inclusão. Mas as escolas também podem ser cruciais para encontrar novas sinergias com as comunidades locais que possam promover o desenvolvimento de competências sociais e cívicas. Abrir as escolas para a comunidade pode ajudar as crianças a compreender, a envolver e a fazer parte das práticas culturais, artísticas e educativas da vida urbana.

As crianças das escolas parceiras, apesar de pontualmente usufruírem de experiências fora da escola, estão frequentemente confinadas ao espaço privado da escola e do contexto familiar, tendo poucas oportunidades de conhecer, viver e intervir no espaço urbano. Assim, é necessário providenciar às crianças novas formas de se relacionar com a sua cidade e de conhecer outras vivências e outras cidades, de modo a desenvolver competências transversais de reconhecimento e respeito pela diversidade, comunicação e criatividade, competências estas que estão na base da cidadania europeia e cada vez mais reconhecidas como alicerces fundamentais para uma postura de aprendizagem ao longo vida (Quadro Europeu de Referência, 2006).

Os educadores sentem por isso a necessidade de ter acesso a novas formas de entendimento da ação educativa, que os inspirem e estimulem a desenvolver novos processos pedagógicos num contexto de partilha e colaboração. BRIDGING visa criar parcerias que promovam intercâmbios contínuos de conhecimento entre diferentes organizações da vida da cidade: escolas, instituições culturais e universidades, em quatro países. A arte será usada como mediador transcultural, que permitirá às crianças descobrir a sua cidade e estabelecer relações com outras, apesar das diferenças culturais e linguísticas.

Propomos os seguintes objetivos:

  1. Promover nas crianças competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida como a cidadania, por meio de projetos artísticos de investigação-ação ligados à descoberta do seu ambiente urbano e de outros ambientes urbanos, através da partilha com as crianças de outros países.
  • Promover competências sociais e cívicas nas crianças a partir das descobertas ativas das crianças do ambiente urbano, que proporcionará um ímpeto para construir pontes em vez de barreiras e melhorar relacionamentos, ao compartilhar e apreciar experiências diversificadas e escolhas pessoais realizadas;
  • Promover competências de comunicação, através de um vasto leque de suportes de comunicação, como a música, as artes visuais, e as artes do espetáculo, bem como a comunicação na língua materna;
  • Promover a sensibilidade e expressão culturais;
  • Permitir que as crianças ganhem confiança na comunicação com as crianças das escolas parceiras que falam outra língua e outras linguagens não-verbais e artísticas.
  1. Capacitar os educadores de infância/professores para lidar com os mais prementes desafios de um contexto global, plural, diverso, fornecendo oportunidades de desenvolvimento profissional que envolvam a partilha e observação ao vivo de boas práticas.
  • Promover ações transdisciplinares conducentes a melhoria das práticas pedagógicas existentes
  1. Instituições educativas, culturais e académicas
  • Contribuir para a transformação do papel dos parceiros enquanto serviços educativos de cidadania;
  • Criar novas redes sociais sustentadas e continuadas;
  • Promover a fertilização cruzada de diferentes discursos (educação, artes, psicologia, sociologia e arquitetura) que permitam uma efetiva operacionalização do processo educacional de todos os envolvidos.

 

Numa altura em que as cidades são permanentemente desafiadas pela sua diversidade cultural, pretende-se trabalhar com as crianças os conceitos de cosmopolitismo e cidadania europeus, partindo dos seus territórios de pertença mais imediatos. A desconfiança, segundo o sociólogo de origem polaca Zygmunt Bauman, é o principal problema das urbes. Este projeto permitirá a aquisição de competências cívicas que farão das nossas crianças agentes bem preparados para combater os movimentos nacionalistas e populistas, assentes em inúmeras políticas e princípios de segregação, isolacionismo, xenofobia e medo.

Num tempo em que a aversão ao outro, ao diferente, se transforma num permanente estado de alerta”, trabalharemos com e a partir das crianças a emergência de uma condição cosmopolita, não só na sua dimensão cultural (não apenas relacionada com o consumo, mas, sobretudo, espelho de uma curiosidade e apreço pela diversidade), mas também na sua dimensão política (no sentido de que os indivíduos se possam relacionar na Europa enquanto seus cidadãos).

BRIDGING pretende promover a comunicação entre as crianças, a escola e os múltiplos espaços da cidade, numa perspetiva transcultural. A colaboração entre os participantes irá facilitar novas formas de olhar, pensar e agir sobre as cidades, utilizando a arte como dispositivo de exploração e de comunicação entre os vários interlocutores e os vários países. Serão realizadas localmente e internacionalmente várias atividades de exploração, conhecimento e intervenção no espaço público através de múltiplas línguas e linguagens (artísticas e ferramentas digitais). O confronto com outras formas de abordar o processo educativo irá fomentar a intencionalidade e a qualidade do processo educativo bem como o enriquecimento de experiências dos vários participantes promovendo a partilha da herança cultural pelos interlocutores,

A colaboração interdisciplinar entre os diferentes parceiros internacionais pretende apoiar e consolidar a fertilização cruzada de diferentes discursos (educação, artes, música, sociologia, psicologia e arquitetura) que permitem uma operacionalização rica, efetiva e intencional do processo educacional de todos os envolvidos, levando a práticas de alta qualidade. Como resultado, BRIDGING pretende dar às crianças e aos adultos (educadores/professores) e técnicos dos serviços educativos dos espaços culturais) múltiplas oportunidades para se envolverem mais como cidadãos que utilizam as artes e as ferramentas digitais como ferramentas privilegiadas de comunicação, com impacto positivo no desenvolvimento, aprendizagem e bem-estar dos profissionais, famílias e crianças. O projeto tem como prioridades a colaboração entre instituições (instituições escolares, universidades e instituições culturais da cidade) e a partilha entre diferentes países sobre a leitura e a descodificação do ambiente urbano por parte de crianças com idades pré-escolares e escolares.

Entidades parceiras

Alvar Aalto Museum

Casa da Imagem, Fundação Manuel Leão, Portugal

Cultureghem

Elmer Pedagogie

Erasmushogeschool Brussel

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

Fundacja młodej kultury hopsiup project

OSMOPE

Uniwersytetem Warszawskim i Przedszkolem